terça-feira, 30 de setembro de 2008

O voto: a esperança de uma sociedade mais justa



“O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.” (Arnold Toynbee)


A consciência do eleitor sobre o valor do seu voto é importante em uma democracia. Se os cidadãos não se importarem com quem estão colocando no poder, serão mais facilmente vítimas de abusos deste poder. Apesar de no Brasil o voto ser uma obrigação – o que é um absurdo, ele deveria ser encarado como um direito de todos, e contribuir com o voto nas eleições deveria ser uma escolha individual, calcada no sentimento de responsabilidade, já que o resultado irá afetar a vida de todos. O preço da liberdade é a eterna vigilância.Entretanto, há uma explicação bastante racional também para a falta de interesse generalizada no voto. Várias pessoas sequer lembram em quem votaram nas últimas eleições. Isso, apesar de condenável, não é totalmente irracional. O motivo encontra-se no peso de cada voto, do ponto de vista individual. Quando temos algo como 100 milhões de votos, cada um com o mesmo peso, um único voto isolado realmente não move moinhos. Mas quando sua escolha é somada às preferências de dezenas de milhões de pessoas, e o resultado final é aquele que a maioria escolhe, sua preferência particular importa pouco. Sendo assim, o voto tem sim um papel fundamental na vida democrática. O cidadão deve ter a consciência de sua relevância no processo de escolha dos governantes. Mas precisamos levar em conta também que o poder do governo deve ser o mais descentralizado possível, e sempre reduzido ao máximo para garantir as liberdades individuais. Fora isso, é importante acabar com a obrigatoriedade do voto, pois um direito cívico não pode ser encarado como uma imposição.
A política não acontece fora de nossas vidas, ela interfere diretamente nelas. Então, é hora de parar de trocar a vida por um aperto de mão, beijo, abraço, sorriso, sacola básica, promessas. O voto é muito importante e, através dele, estamos construindo a história de nossa sociedade. Que esta seja uma história da qual possamos nos orgulhar.
obs: Eleição: processo democrático de escolha do governante em que o candidato pede dinheiro aos ricos para comprar o voto dos pobres e promete a ambos que vai proteger um do outro.
Os políticos são como fraldas. São trocados constantemente e sempre pelo mesmo motivo.
Aline Melo e Carolina Abreu

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Lecionar: um ato de amor ou somente o exercício de uma profissão?

Sempre que falamos em sala de aula, imediatamente, vem-nos a imagem de uma edificação climatizada por ar-condicionado, com um piso impecável, paredes internas bem-acabadas, a região interna preenchida por bancas bem projetadas e acopladas a cadeiras confortáveis, fixada à parede uma grande lousa e, é claro, essa sala deve pertencer a uma grande escola, cercada por um grande e seguro muro que a separe do mundo, isto é, da vida, mas não de simples vidas, da vida daqueles que vão lá em busca de uma instrução. O saudoso Paulo Freire tinha toda razão quando dizia que ninguém educa ninguém, assim como ninguém se educa sozinho; alguém só aprende se existir uma pessoa que lhe deseje ensinar. Da mesma forma, alguém só ensinará se houver um indivíduo ardentemente predisposto a aprender. Percebamos que ensinar e aprender são atos recíprocos e, por isso mesmo, um não tem consistência sem o outro, um inexiste sem a preexistência do outro; educar é um ato coletivo e uníssono entre educando e educador, pois ambos devem concatenar idéias, desejos, sonhos e, acima de tudo, esforços. Mas o que tem a ver sala de aula/escola, isto é, o início do texto, com a reflexão que acabamos de realizar? É que para o processo educacional não há partes; só existe o todo, que é o próprio processo, o qual nos leva a compreender toda a situação que gera o tal processo. É justamente aquilo que nos permite entender que o verbo olhar tem menor valor do que o verbo ver, posto que o olhar é uma condição biológica e só percebe o que consegue alcançar na sua ínfima limitação, enquanto o ver é uma condição da alma, da existência humana e nos permite tocar a essência de cada ser e reconhecer suas reais necessidades. Assim, aprendemos a valorizar os dons de cada um, o que inevitavelmente nos levará a despertar um ser que este até então não conhecia. Valorizar dons é reconhecer que todo ser é processador da sua própria condição de humano. Já é possível percebermos que educar é, sem dúvida, uma das tarefas mais complexas impostas pela vida, por ser em qualquer instância uma execução contínua e coletiva e, por tais razões, faz-se necessário a todo instante refletirmos, enquanto agentes formadores e facilitadores desse processo, acerca de nossas posturas, condutas e sentimentos, pois navegaremos nas relações intra e interpessoais, possibilitando dentro das posses processuais do desenvolvimento sociocultural uma maior compreensão do ato de educar, que vai além das ingênuas definições que conhecemos. Com isso, quero deixar claro que a afetividade não pode ser confundida com considerações pedagógicas obsoletas, como declaram alguns, pois é o elemento essencial para o processo supracitado. E, com isso, quero dizer que a aprendizagem exige uma mediação integrada, em que o ensinar não apenas descreva, mas inscreva, e o aprender se torne prazeroso à medida que se faça significativo. Aí então entra a sala de aula, que não carece em hipótese alguma de uma bela edificação nem mesmo de uma edificação. Entretanto, será ótimo se ela existir, por viabilizar algumas situações, tais como o entendimento institucional de uma escola como centro de aprendizagem e como um ambiente social e profissional. A sala de aula deve ser um celeiro de dúvidas e, quando estas existirem, ela não deve ser vista como um espaço material, mas, sim, como um instante de construção sociointelectual. Dessa forma, desejo explicitar o fato de que a escola necessita romper seus próprios limites físicos e se fazer vida com a vida. Portanto, a sala de aula é um espaço para investigação, para a busca de pistas que componham a construção do saber, que é um dos valiosos papéis da dúvida e, também, uma instância socializante, uma vez que nos permite estabelecer contato com uma imensa diversidade de seres e formas pensantes que precisam ser ouvidas e, conseqüentemente, respeitadas. É, ainda, um laboratório de formação e informação intelectual, passando a ser uma via que nos possibilita perceber outros caminhos. Em suma, é na sala de aula que se compreende o macro universo existente à nossa volta, que está correlacionado ao nosso universo interior; é um caminho que nos possibilita entender melhor os caminhos da vida, fazendo-nos significar cada batida do coração e compreender suas alterações ao manifestarmos variadas emoções, por ser escola cada sala de aula e mestre, cada aprendiz, e serem todos (escola, salas de aula, mestres e aprendizes) partes de um todo denominado vida. Essas partes jamais representarão frações, pois são, por natureza, inteiras, e representam por si a vida, visto que a vida está contida nela mesma. Por essas razões é que na “escola vida” e na “vida escola” aprendemos, a cada instante, a sermos um pouco mais humanos.

Aline Melo e Carolina Abreu

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DO PROFESSOR



O PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DO PROFESSOR

Vive-se um momento de profundas transformações. Não se sabe ao certo para onde se caminha e nem qual o caminho a trilhar. A sociedade atual encontra-se em profunda crise, na qual somos remetidos a repensar nossos valores e atitudes. Como nos aponta Gramsci, citado por Gadotti (1998, p. 86), «vivemos um momento histórico no qual o bloco hegemônico dominante entra em crise, frente à ameaça de um novo bloco histórico».

Nesse contexto incerto, o papel do profissional da educação precisa ser repensado. Segundo Gadotti (1998), faz-se mister que o professor se assuma enquanto um profissional do humano, social e político, tomando partido e não sendo omisso, neutro, mas sim definindo para si de qual lado está, pois se apoiando nos ideais freireanos, ou se está a favor dos oprimidos ou contra eles. Posicionando-se então este profissional não mais neutro, pode ascender à sociedade usando a educação como instrumento de luta, levando a população a uma consciência crítica que supere o senso comum, todavia não o desconsiderando.

Nessa perspectiva, entende-se que o povo de posse desse saber mais elaborado poderá vir a ter condições de se proteger contra a exploração das classes dominantes se organizando para a construção de uma sociedade melhor, menos excludente, e realmente democrática. Não se pode esperar que tal organização brote espontaneamente, mas sim por meio da educação que pode caminhar lado a lado com a prática política do povo. Sendo assim, o profissional da educação assume aqui um papel sobretudo político.

Educadores e educadoras precisam engajar-se social e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista. Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas.

Precisam entender também que, analisando dialeticamente, não há conhecimento absoluto, pois tudo está em constante transformação. Usando os dizeres de Gadotti (1998), «todo saber traz consigo sua própria superação». Portanto, não há saber nem ignorância absoluta: há apenas uma relativização do saber ou da ignorância. Por isso, educadores e educadoras não podem se colocar na posição de ser superiores, que ensinam um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daqueles que comunicam um saber relativo a outros que possuem outro saber relativo.

Como educadores engajados em um processo de transformação social, necessita-se que esses profissionais acreditem na educação, e, mesmo não tendo uma visão ingênua, acreditando que essa sozinha possa transformar a sociedade em que está inserida, e acreditem que sem ela nenhuma transformação profunda se realizará.

Aline Melo e Carolina Abreu

sábado, 19 de julho de 2008

O papel da escola

A ESCOLA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO

O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e da sociedade amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos (PCNs, 1998). Na escola, durante processos de socialização, a criança tem a oportunidade de desenvolver a sua identidade e autonomia. Interagindo com os amiguinhos se dá a ampliação de laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos. Isso poderá contribuir para o reconhecimento do outro e para a constatação das diferenças entre as pessoas; diferenças essas, que podem ser aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.
Através dos estágios podemos analisar todo o desenvolvimento cognitivo das crianças e a partir das aulas práticas podemos vivenciar toda a construção do aprendizado. Desse modo, na escola, criam-se condições para as crianças conhecerem, descobrirem e reconstruírem significados, novos sentimentos, valores, idéias, costumes e papéis sociais. A escola deve dar total atenção à criança como pessoa, que está num contínuo processo de crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades.
A atenção recebida na escola reflete na criança, fazendo com que tome consciência do mundo de diferentes maneiras em cada etapa de seu desenvolvimento. As transformações que ocorrem em seu pensamento se dão simultaneamente ao desenvolvimento da linguagem e de suas capacidades de expressão. A criança bem atendida, considerada um cidadão, enquanto cresce se depara com fenômenos, fatos e objetos do mundo; pergunta, reúne informações, organiza explicações e arrisca respostas. Desse modo, ocorrem mudanças fundamentais no seu modo de conceber a vida, a natureza e a cultura. Além de promover a educação da criança, mostrando o correto, muitas vezes a escola terá que propiciar situações para que os pais reflitam sobre seus papéis e atribuições, tendo em vista que seus filhos permanecem mais tempo com os profissionais da escola do que com eles mesmos.
Sendo assim, nós um papel fundamental, pois a formação do cidadão começa na escola, e todas as nossas técnicas devem ser bem utilizadas para que nossas aulas possam ser totalmente proveitosas.
Aline Melo e Carolina Abreu

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Uma Experiência para a Vida

Minha Experiência

Neste ano de 2008, nos meses de maio e junho, tive a oportunidade de estagiar na Escola Municipal Maria Lúcia. Escola em que puder analisar e vivenciar todas as situações que antes eram abstratas pelo simples fato de não conhecer, e apenas poder imaginar como seria devido ao que escutamos indiretamente pelos outros. Estágio esse, que com certeza, lembrarei em muitas situações da minha vida, seja como educadora ou como construtora de conhecimentos e aprendizagens para a vida. Pois foram experiências que deixaram marcas positivas e muitas negativas, mas que foram necessárias para que eu compreendesse o que é a vida de fato.
Na escola como um todo, percebi que há dificuldades em diversos âmbitos, mas também possui uma estrutura que muitas escolas não têm. Fiquei surpresa com alguns recursos da escola, principalmente com as aulas de informática, na qual todos têm acesso à notebooks, e no mundo de hoje, a informática está sendo muito importante, sua utilização já é vista como instrumento de aprendizagem e é bom que desde pequenos eles estejam interagindo com a era tecnológica, o que vai melhorar muito no desenvolvimento. Porém, tenho que ressaltar que o ambiente escolar é bem diferente da realidade que eu estava, pois, é muito conturbado, professoras inquietas, corredores agitados, criança fora de sala, correndo, tirando a atenção de quem realmente quer estudar.
Mas, não se pode generalizar porque também encontramos muitas crianças que são dedicadas às aulas e que estão interessadas em aprender, e também encontramos pais que mesmo não tendo condições de suprir todas as necessidades, fazem de tudo para que seus filhos possam aprender e ter uma boa educação.
Antes de estagiar no Maria Lúcia, já imaginava como seria a realidade da escola, porém, tenho que admitir que me surpreendi um pouco devido a alguns fatos que ocorreram. Tive que realmente vencer barreiras diárias para poder voltar no próximo dia de estágio. Situações que nunca pensei que poderia passar algum dia da minha vida, eu passei. Momentos como criança me chutando, me batendo, cuspindo no meu rosto, me jogando na quina do quadro negro e até tapas no rosto. Não sei descrever como me sentia naqueles momentos, só não acreditava que estava acontecendo comigo, e ainda pior, por levar agressões de criança que nunca tinha visto na minha vida e crianças de cinco e seis anos. Realmente foi difícil de acreditar.
Mas, com o passar do tempo, fui compreendendo o que realmente acontecia. Por isso, acredito que algumas mudanças são necessárias para que esse quadro possa se reverter, pois esses comportamentos acabam prejudicando a todos e principalmente as outras crianças que devido a isto, não conseguem prestar atenção e não se desenvolvem como o esperado.
Apesar de alguns acontecimentos, gostei muito de dar estágio no Maria Lúcia, de poder aprender e ver como a minha presença foi importante, tanto para os alunos como para a professora, que também ensinou, mas aprendeu muito também e se pudesse continuar, não pensaria duas vezes. Gosto de desafios e principalmente de aprender coisas novas, conhecimentos que influenciam na minha identidade, pois, com certeza, não sou a mesma de antes, agora estou muito mais amadurecida e pronta para novas etapas.
Eu tive a oportunidade de estagiar na escola municipal e na privada, já Carolina só pode estagiar no Censa, mas percebemos a diferença de paradigma de cada escola. O ambiente é diferente, toda a estrutura, os recursos, o modo de agir, dentre outros. Porém essa experiência vai ficar marcada na minha vida e também na vida de quem teve a mesma oportunidade.




Aline Melo e Carolina Abreu

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ensinar é aprender


O educador é parte do processo de aprender

Ensinar não é transmitir conhecimentos. O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele orienta a aprendizagem, ajuda a formular conceitos, a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles próprios encontrem as suas opções.
A principal meta da educação se processa em torno da auto-realização. Logo, ela propõe a reformulação constante de diretrizes obscuras para alcance dos objetivos, comprometidos com a valorização da vida.
Quando se imagina dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra. Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender, resplandece e brilha! Os estudantes estão abastecidos por uma carga de informações cuja capacidade de assimilação nem comporta. Podemos observar a troca de conhecimentos através da prática diária nos estágios. Analisamos como a aprendizagem ocorre na educação infantil e como o professor contribui e aprende com essa relação mútua.
Durante todo o semestre, as crianças da escola infantil do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora – CENSA vivenciaram um projeto, no qual, focalizava a Dengue; que hoje está presente em nosso meio. Com o projeto, todas as crianças se envolvem fazendo pesquisas, levando conhecimento para o cotidiano e até para os próprios pais. Durante esse processo de ensino-aprendizagem, percebemos a troca de experiências do professor para com o aluno, em que ambos aprenderam e concluíram o projeto juntos.
Para Fernando Hernández, a proposta do projeto é priorizar a importância do conhecimento social, ou seja, o conhecimento deve ultrapassar “os muros da escola”.
“Quem ama educa, educar é educar-se a cada dia, sem a pretensão de preparar para a vida. O poder de adivinhar o futuro o educador não o possui. Ele orienta, para que, em situações imprevisíveis, se processem alternativas. Educar não é ensinar, é aprender”. (Ivone Boechat)

Aline Melo e Carolina Abreu

Ao Educador


Prece do Educador

Senhor,
Que eu possa me debruçar sobre cada criança, e sobre cada jovem, com a reverencia que deve animar minha alma diante de toda criatura tua!

Que eu respeite em cada ser humano de que me aproximar, o sagrado direito dele próprio construir seu ser e escolher o seu pensar!

Que eu não deseje me apoderar do Espírito de ninguém, imprimindo-lhes meus caprichos e meus desejos pessoais, nem exigindo qualquer recompensa por aquilo que devo lidar de alma para alma!

Que eu saiba ascender o impulso do progresso, encontrando o fio condutor de desenvolvimento de cada um, dando-lhes o que eles já possuem e não sabem, fazendo-os surpreenderem-se consigo mesmos!

Que eu me impregne de infinita paciência, de inquebrantável perseverança e de suprema força interior para me manter sempre sob o meu próprio domínio, sem deixar flutuar meu Espírito ao sabor das circunstâncias. Mas, que minha segurança não seja dogmatismo e inflexibilidade e que minha serenidade seja mormaço Espiritual!

Que eu passe por todos, sem nenhuma arrogância e sem pretensão à verdade absoluta, mas que deixe em cada um, uma marca inesquecível, por ter transmitido alguma sentença de verdade e todo o meu amor!

Dora Incontri

Aline Melo e Carolina Abreu